Primeiras impressões do Voluntário Diogo no Centro de Órfãos
"Uma das maiores dificuldades
que tenho sentido nestes últimos dias é o baixo nível do português. Já sabia
que era apenas uma segunda língua para a maioria da população, mas de facto
torna-se complicado interagir e motivar crianças que quase só sabem “obrigado”,
“bom dia” e “olá”. Assim que cheguei vi no campo de futebol cerca de 25 miúdos
de várias idades e perguntei ao irmão: “estes miúdos estão aqui no centro?” A
resposta não podia ter sido mais dura. Aqueles miúdos só lá iam para jogar
futebol e a grande maioria não falava uma palavra de português.
Haveria de ter
tempo para conhecer os que de facto têm aproveitado a oportunidade única que o
irmão lhes tem dado nos últimos anos.
Mas o dia
seguinte revelou uma surpresa muito engraçada. O irmão decidiu mostrar-me o
centro. Durante a visita passámos pelas salas de costura, informática,
biblioteca, serralharia e quando chegámos à sala de aulas, estava a haver uma
aula com o professor Donique e o irmão fez sinal para entrarmos. Foi o meu
primeiro contacto com os miúdos - estávamos no segundo dia no terreno.
Ao entrar, o professor perguntou-me como me chamava e respondi-lhe: “Diogo”. Quando dei por mim, estava o Donique e ensinar às crianças (eram 9 ou 10) a dizer o meu nome. E então, como um coro de igreja a turma toda entoava: Diogo! Diogo! Diogo! Foi formidável e senti-me muito acolhido.
Ao entrar, o professor perguntou-me como me chamava e respondi-lhe: “Diogo”. Quando dei por mim, estava o Donique e ensinar às crianças (eram 9 ou 10) a dizer o meu nome. E então, como um coro de igreja a turma toda entoava: Diogo! Diogo! Diogo! Foi formidável e senti-me muito acolhido.
Hoje tenho notado
que os miúdos vão lentamente perdendo a vergonha… os mais velhos (12-13 anos)
já me cumprimentam e perguntam coisas e os mais novos vão-se rindo quando olho
para eles. Apesar da barreira linguística, tenho boas prespectivas…
A cada dia que
passa, apercebo-me melhor da sorte que tenho em ter nascido noutras
circunstâncias da maioria das pessoas que vou conhecendo. A sorte de ter
nascido numa família que não me abandonou, a sorte de não ter nascido seropositivo,
de ter tido acesso a uma educação, saúde e segurança de qualidade… E o mais
espantoso de toda esta lista é que, no fim de contas, estas pessoas conseguem
ser muito felizes à maneira delas. Dá que pensar…"
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