A Joana é assistente de projectos, as suas actividades diárias
incluem a gestão do quotidiano dos projectos, supervisão, avaliação e
comunicação com os parceiros locais. Em Abril esteve em Moçambique, depois de
assentar de uma viagem emocionante deixou-nos este testemunho dos seus dias no
terreno.
Em
Abril deste ano, a UPG deu-me a oportunidade de ir a Moçambique e ver com os
meus próprios olhos, todo o trabalho que tem sido feito ao longo de quase 11
anos, e para o qual eu tenho contribuído há quase 2. Quando
nos afastamos da confusão de Maputo e nos dirigimos para “lááá”, o Mano Hilário
diz-me com um sorriso “Agora é que vais conhecer Moçambique!” E foi mesmo. Não
consigo explicar bem o que é visitar um lugar onde parece que já estivemos.
Entrar na Escolinha do André e reconhecer o pátio que tanto se vê nas
fotografias, onde os meninos e meninas se sentam a “mata-bichar” ou a almoçar.
Chegar a Chongoene e reconhecer a Igreja e a Missão. Entrar na EFI ou na ESC e
ver o muro que a Mana Carol pintou o ano passado, ou conhecer as professoras
que a Mana Margarida tanto falava e que até então só tinha visto em
fotografias. Conhecer as mamãs que nos ajudam e que conhecem todas as crianças
como se fossem todas suas filhas. Ser recebida por todos como se me conhecessem
há muito, e na verdade acabavam de me conhecer.
Desde
que comecei a trabalhar na UPG, sempre tentei perceber como seriam aqueles
lugares, e compreender as dificuldades diárias dos nossos técnicos em recolher
as informações que lhes pedimos a toda a hora. Realmente, só se percebe mesmo
quando se está lá e vivendo aquela realidade.
Nunca
pensei que esta viagem fosse ter um impacto tão positivo. Talvez por isso me
tenha emocionado logo na chegada a S. Vicente quando as mamãs nos receberam de
braços abertos, com cantigas e um enorme sentimento de gratidão. Ou quando
entrei em Santa Luísa e senti que cada esforço que fazemos para financiar o
Programa de Alimentação ou o Centro de Dia é reconhecido. Talvez por isso me
tenha sentido de coração cheio por cada presente que entreguei a cada criança.
De cada vez que me agarravam a mão ou me tocavam no cabelo, ou simplesmente por
brincar com elas.
Conhecer
a Cleise, a minha afilhada na Missão de Chongoene ou o Nelson, o afilhado dos
meus pais em S. Vicente, foi como conhecer parte da família e não podia ter
ficado mais feliz ao olhar para eles quando lhes disse quem era.
Ir
a Moçambique fez com que tudo fizesse (ainda mais) sentido e todos os dias
quando me levanto para ir para a UPG (mesmo quando me custa muito acordar)
lembro-me das quase 3 semanas que passei junto das pessoas para as quais
trabalho todos os dias, e que provavelmente todas elas já estão acordadas há
pelo menos 2 ou 3 horas e que sem tomar o pequeno-almoço, deram início a mais
um dia.
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