Três vezes por semana, ajudamos e
convivemos com crianças do Centro de Dia de SLM em Manjangue. O Centro de Dia é
um centro dentro da escola de Santa Luisa Marillac onde estão 31 crianças doentes. Algumas com
HIV/SIDA e outras com Tuberculose. Aqui, são disponibilizados medicamentos,
refeições e todos os cuidados de saúde que a maior parte deles não têm em casa,
possibilitando assim um modo de vida saudável.
Hoje, tivemos a oportunidade de ter
um testemunho da mãe de uma criança que frequenta o Centro de Dia. por privacidade, vamos chama-la de “Maria”.
A Maria tem 6 anos. Mora com a mãe e o tio. O Pai é muito ausente e vive
na África do Sul. Apesar de se encontrar actualmente em Moçambique, em breve
voltará para a África do Sul onde trabalha. Quando a Maria tinha 3 anos, estava
constantemente com uma tosse muito intensa, só conseguia parar de tossir se
bebesse água. Para acalmar a tosse, o médico disse que era necessário fazer uma
operação, no entanto, os pais não conseguiam suportar os custos da operação.
Com o passar do tempo, o corpo dela começou a ficar inchado. Era uma criança
pouco sociável e não tinha acesso a alimentos diariamente. Neste período em que
se encontrava mais doente, a única coisa que comia eram 3 ovos por dia. Não
conseguia comer mais que isso. Tudo isto aconteceu enquanto estava na África do
Sul.
Em 2010, já em Moçambique,
começaram a aparecer muitas feridas no corpo da Maria. Os pais levaram-na ao
médico e foi-lhe diagnosticado “tuberculose” [na região, o estigma social
contra o HIV leva a muitos diagnósticos da doença como “tuberculose”]. Começou
a tomar medicação para esta doença. É neste Hospital que conhece a irmã
Esperança, em Setembro de 2014. A irmã tratou de todos os procedimentos e inscreveu a Maria para o Centro de Dia HIV, em Manjangue.
Infelizmente, em Dezembro de 2014,
a criança volta para a África do Sul. Enquanto lá esteve, começaram a
aparecer-lhe problemas na boca: Dentes podres e gengivas inchadas. A irmã
receitou um xarope e felizmente, este problema ficou resolvido de imediato. Em
Abril de 2015 a família volta para Moçambique devido às dificuldades que se
deparavam em receber os comprimidos a tempo da criança (a avó enviava
medicamentos de Moçambique para a África do Sul) e a vida da criança
encontrava-se em risco.
A Maria volta para o Centro de Dia HIV definitivamente. Desde
então, nunca falhou nenhum dia da medicação. A mãe afirma: "Ás vezes, na
hora de tomar os comprimidos é a minha filha que me lembra de os dar. É visivelmente uma criança mais saudável,
está gordinha e feliz.”
Um outro aspecto excelente de estar
no Centro de Dia é o facto de a Maria
ter aprendido a falar Português [a população local desfavorecida tende a
comunicar em changana, o dialecto
local de Gaza não usado nas escolas]. Segundo a mãe, a Maria já não consegue
dizer uma frase em Changana em dizer uma palavra em Português.
A mãe afirma que está muito
contente por ver a filha saudável. "Volta a casa muito feliz, tem muitos
amigos e é muito dedicada na escola. Ela própria tem a iniciativa de chegar a
casa e estudar".
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