"Após a
minha chegada ao Centro Renascer P'ra Esperança, deparei-me com uma realidade
totalmente diferente daquela que se presencia em Portugal, mesmo onde as
pessoas dizem não ter condições de vida. Ao vivenciar estas circunstâncias, a
minha perspetiva de vida alterou-se bastante. Considero esta oportunidade uma
experiência indescritível.
Entre
várias, uma das situações que mais me marcou foi o facto de as crianças, muitas
das vezes, apenas fazerem a refeição diária que o Centro lhes oferece. É
impressionante a simplicidade com que estas crianças vivem. É sem dúvida a
prova viva de que não necessitamos de quase nada para sorrir.
De todas
as atividades que elaborámos, a visita às casas (palhotas) das crianças, foi
onde consegui ver ao pormenor todas as dificuldades que estas pessoas enfrentam
diariamente.
Eu e a
voluntária Helena, em conjunto com uma rapariga nativa que fez a tradução de
changana para português, fomos tentar obter informações sobre as famílias, tais
como: o seu agregado familiar, quais as atividades profissionais desenvolvidas pelas Mamãs e qual a melhor forma de as ajudar em relação às crianças.
Muitas
destas Mamãs, vivem da “machamba”, que em português significa “horta”. Vão
semear, apanhar fruta e tratar da sua machamba para depois irem vender nas ruas
todos os seus produtos a fim de conseguir algum dinheiro para a sua
sobrevivência. Além do que já referi, encontrei algumas
dificuldades, principalmente em me adaptar ao dialecto que se utiliza nesta
zona, o “changana”. Foi e, ainda é complicado, tentar comunicar com as crianças
no Centro, mas vou descobrindo formas de contornar esse obstáculo e tentando
arranjar formas de brincar que vão facilitando a comunicação."
Mano Miguel
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