22 de junho de 2011

Samuel: Experiência em Moçambique


Após alguns meses em terras de Moçambique, posso dizer seguramente que foi a melhor experiência de vida que eu já tive, na medida em que me abriu os olhos para as tão críticas desigualdades sociais do nosso Mundo.
O povo Moçambicano é um povo afável, humilde e hospitaleiro que sabe receber com o pouco que tem.
No meu trabalho, lidava constantemente com situações de carência alimentar e de afecto muito grandes. Posso garantir que 95% das 200 crianças a quem eu dava aulas, eram órfãs de um dos pais ou de ambos e que muitas delas viviam com os avós que já não estão no vigor da idade e não têm como trazer alimento para casa.
Esta falta de afecto e de todos os bens essenciais que estas crianças estavam privadas, fez me perder várias noites de sono, por ser me difícil entender o porquê de uns terem tanto e em abundância e outros não terem o mínimo para sobreviver. Não é justo, e nós próprios somos os culpados desta situação, pois para satisfazer as nossas imensas necessidades nos países desenvolvidos, temos que ir buscar os recursos a outro lado, nomeadamente África, privando os próprios desses mesmos recursos.
É impossível descrever o turbilhão de emoções e de sentimentos que eu tive em Moçambique durante esse tempo, pois precisaria de 50 páginas pelo menos, mas posso dizer que agora que cheguei em Portugal, depois de estar a viver num sitio tão pobre, dou muito mais valor às coisas do que dava anteriormente.
Apoio a 100%, todo o jovem que decida fazer uma experiência de voluntariado num Pais pobre, pois ele vai crescer imenso enquanto pessoa e cidadão.
Espero que, como eu, a Vera, a Celine e muitos outros que já foram missionários, possam cada vez mais surgir vocações de voluntariado nas nossas paróquias. No que depender de mim estarei sempre disposto a aconselhar e apoiar qualquer iniciativa.


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