29 de novembro de 2011

Fecha-se um ano e começa-se o próximo


2011 ainda não vai no ultimo mês e a UPG  já anda em alvoroço na preparação do ano que vem. A viagem a Moçambique trouxe consigo muitas coisas para melhorar para o próximo ano, do lado dos Parceiros e da UPG e, ao mesmo tempo, trouxe ainda muitas ideias e sonhos de um mundo melhor para as crianças e para as suas famílias.
Por um lado, muito do nosso tempo estamos a tentar completar os últimos apadrinhamentos em atraso de 2011, num ano que foi claramente tão difícil para muitas famílias. Muitos não desistem e aproveitam o debito directo para contribuir em pequenas prestações. Na verdade, para nos e uma bênção, porque reduz a parte administrativa, numa organização em que apenas uma colaboradora trabalha a tempo inteiro. Ao mesmo tempo, há que repor as anuidades dos Padrinhos que demoraram a desistir e preparar tudo para o novo ano. 
De Moçambique chegam pedidos de novas crianças para Apadrinhar, actualizações aqueles que saem por bons e maus motivos, novas classes, avaliações e actualizações do estado familiar. Tudo para que as fichas de aluno permitam ao Padrinho conhecer um pouco mais da criança que apoia - a distancia. As fichas ainda só são enviadas para padrinhos novos, mas em 2012 esperamos enviar para todos os padrinhos, antigos e novos. As avaliações só serão enviadas no final do ano, mas em 2012 esperamos poder enviar trimestralmente. São muitas as melhorias que tentamos fazer ouvindo os Padrinhos e os Parceiros ao mesmo tempo que atendemos a nossa vontade de não aumentar os custos de organização
Para 2012, temos apenas a expectativa de 30-40 crianças novas - 20 da Escola de Santa Luisa de Marilac e 15-20 do novo programa de Bungane, aliado aos programas de Banhine e Nhancutse, com o Padre Rosendo. A ideia era alargar Santa Luísa Marilac para 50, mas a incerteza da situação financeira das famílias que nos apoiam não nos permite fazer promessas e prometemos re-avaliar daqui a 2 meses. 
Também temos pedidos para começar (finalmente) os pequenos projectos de apoio a geração rendimento e desenvolvimento de educação técnica, furos, salas de apoio ao estudo, tudo um pouco. 
Venham as mãos para trabalhar e para pedir mais fundos, para que o próximo ano seja mais um de Pequenos Gestos que se tornam em Grandes Ajudas! 

21 de novembro de 2011

Um dia na Escolinha Flor da Infância, por Mana Cátia


O percurso até lá faz-se através da terra vermelha, aquela que só se vê em África, é um caminho sinuoso, onde não se percebe muito bem onde começa e acaba a rua. Andamos pouco mais de um quilómetro e estamos a ouvir as crianças a brincar lá fora no alpendre.

Os sorrisos e as caras de curiosidade chegam até nós já com algumas palavas, umas faladas outras sentidas através dos olhares. Meninos desde os 3 anos  que brincam e correm como se fossem mais velhos da escolinha primária. 
A primeira coisa a fazer é tomar o mata-bicho (pequeno-almoço), não sem antes rezar e agradecer aquele leitinho tão precioso logo pela manhã. Depois é hora de cantar musicas tradicionais, fazer o comboio e cada um ir para  a sua sala.

Tudo o que vem depois é magia, pura magia no meio de África. Três professores ensinam o melhor que sabem quase sem recursos. A magia de quem acreditou que era possível e que todos os dias faz com que essa magia se transforme na aprendizagem do português, das cores, do alfabeto e dos números.


São caras como estas que nos fazem acreditar que é possível e que se todos nós dermos um grão de milho, no fim vamos ter um pote cheio capaz de fazer um prato de comida para cada uma destas crianças.


12 de novembro de 2011

Mana Sara de Regresso de Moçambique

Costumava saber-lhes o nome. De todos sem excepção. Tudo começou porque quis ajudar 30 crianças. E penso que até às 250 consegui manter nome do Padrinho e do Afilhado na memória. Mas hoje (felizmente) a Um Pequeno Gesto tornou-se em algo para além de mim, da minha memória e da minha história.


Os 10 dias em Moçambique são cada vez mais sobre como transformar Pequenos Gestos em Grandes Ajudas, como explicar as necessidades de comunicação de quem faz Pequenos Gestos e como resolver as preocupações daqueles que no terreno, executam as Grandes Ajudas. 



Com alguma tristeza passo menos tempo com as crianças e mais tempo com os adultos, mas sempre soube que era o outro lado de crescer. Continuo a ver as crianças, as suas casas e as suas famílias, mas já não posso passar o dia na Escola com eles a brincar, pintar, ler, jogar futebol ou montar um puzzle. De soslaio olhei as voluntárias que estavam na "Sala de Projecto" e de certa forma invejei o seu trabalho com os pequeninos. Mas também fiquei contente porque é parte do meu trabalho que seja possível as "Manas" virem para Moçambique.



A visita a Moçambique muitos pontos altos, alguns pontos baixos, mas há coisas que nunca mudam, seja o que fizermos na visita - temos sempre pouca vontade de vir embora e, quando voltamos, chegamos sempre com mais sonhos e mais vontade de trabalhar. 

Deixo em baixo um sumário do que visitámos, o que discutimos, com quem falámos, porque transparência é sempre bom. Mas detalhes sobre cada um dos dias, das visitas, das conversas, terão de vir em muitos mais posts, uns sobre a forma de história, outros sobre a forma de novos projectos e novos sonhos que trazemos na bagagem. 

Dia 1: Visita à Escolinha do André e à Parceira Local, Irmã Isabel. Muita conversa sobre voluntários, a licença "sabática" da Irmã e potencial partida de Moçambique, Conversa sobre o contacto com os Padrinhos da Escolinha, as avaliações dos alunos e o reforço da equipa da escola. 




Dia 1: Encontro com a Voluntária Cátia, em Moçambique por 6 meses e a meio da sua estadia.

Dia 2: Visita à Escolinha Flor da Infância, reunião com os técnicos e assistentes da escola - Marquês,Solange e Hélder - reunião com a Irmã Helena, a nova Directora da Escola. Discussão de novas condições do Apadrinhamento na Escolinha

                    
Dia 2: Discussão das alterações ao programa dos Meninos de Xai-Xai e formas de continuação do plano de Poupança para as crianças



Dia 3: Visita à Missão de Chongoene e reunião com o Parceiro Local Padre Rosendo sobre os Programas de Banhine e Nhancutse. Planificação da construção dos furos, parcialmente financiados pela UPG Reino Unido. 



                                     Dia 3: Visita ao Centro de Informática e discussão de formas de melhorar a rentabilidade do centro, que ameaça fechar


Dia 3: Reunião com o novo técnico UPG Arnaldo, de apenas 16 anos, e que faz a comunicação com os Padrinhos de Banhine e Nhancutse



Dia 4: Ida a Chiare com o Parceiro Local Padre Rosendo, onde a bomba do furo re-construído pela
                                UPG foi roubada. Uma nova bomba foi posta mas por alguém vizinho mas agora a água tornou-se cara para a população. Procura de soluções



Dia 4: Ida a Bungane com o Parceiro Local Padre Rosendo. O carro parou no meio do mato mas ainda conseguimos visitar a Palhota dos Afilhados da Fundação Luis Figo. Ficaram por visitar as palhotas de Nhancutse, porque tudo atrasou




Dia 4: Partida para Chokwé, onde fomos recebidos pela Irmã Neuza, em plena época de exames na escola. Discussão dos prós e contras do Programa de Voluntariado, alterações para melhoria da Sala de Estudo e qualidade da educação das crianças e potenciais melhorias para 2012. 





Dia 4: Encontro com as voluntárias Margarida, Peddy e Piedade que estão ao serviço na Escola 
                                 de Santa Luísa de Marillac e São Vicente de Paulo


Dia 5: A minha primeira visita à Escola Santa Luísa Marillac. Todo o bem que dizem da escola é verdade, como já pus no último post

Dia 5: Recepção com as crianças de Santa Luísa,visita à escola e conhecimento das várias actividades. Distribuição de alimentos do mês de 
Novembro. Discussão das necessidades de ajuda nos projectos de Economia Doméstica. Discussão do alargamento a 20 novos afilhados. 


Dia 5: Visita à Palhota da Teresa e da Sandra para entrega das chaves da casa. Apesar de estar sem chão, as meninas já conseguem imaginar onde vão dormir! Financiada por um Desafio UPG!


Dia 5: Visita à Palhota (ou já nem isso) do Benete, da Flora, do Nélson e do Elísio, as 3 palhotas cuja construção vai iniciar-se ainda este mês, financiadas pela UPG Reino Unido. 


Dia 6: Visita a Hokwé, onde fica o Internato dos "Meninos de Hokwé", um novo programa de Apadrinhamento da UPG. Conversa com a Lina, sobre os estudos, condições e a necessidade de não engravidar. Discussão com os professores e a  
directora sobre a forma de prevenção da SIDA e gravidezes indesejadas.


Dia 6: Visita a Chiaquelane e à ex-Parceira Local Irmã Isaura. Com lágrimas nos olhos encontrei muitas das crianças que a UPG deixou de Apadrinhar, inclusivé aquele que será sempre meu afilhado Zezito. Os mais velhos regressaram às suas casas. Os pequenotes continuam por ali. Detalhes para um post mais tarde.

3 de novembro de 2011

Mana Sara em Santa Luísa de Marillac


Hoje foi um dia de grande alegria! Estive pela primeira vez no nosso novo projecto em Manjangue, a Escola de Santa Luisa de Marillac. Depois de uma semana difícil em Moçambique, a rever amigos e parceiros e numa luta de resolução de problemas de quando se tenta mudar o mundo à distância. Tenho de confessar que ao saber que teríamos uma pequena recepção, com músicas carinho e alegria, não pude deixar de ficar contente.

Por muito que soubesse o que me esperava, não sabia a dimensão do carinho preparado por todos para a nossa recepção. As crianças cantaram e dançaram, declamaram poemas e apresentaram-se entre músicas, com alegria e sorrisos na cara. Tivemos um momento de conversa sobre a importância dos Padrinhos e da UPG na vida das crianças e da escola e ainda a oportunidade de participar na distribuição mensal. Santa Luísa é uma escola muito especial. A integração de toda a equipa em favor das crianças dá muito conforto de sabermos que cada gota de esforço é levada às crianças e aproveitada da melhor maneira. Visitámos as salas de aula, a Sala de Projecto de apoio ao estudo onde estão de momento 3 voluntárias UPG, a biblioteca, os canteiros das crianças, e todas as salas que pretendem encher-se de projectos de costura e alfabetização. Visitámos a pequena loja onde se vende tudo desde repolho em conserva, compota, almofadas e sacos para os livros, tudo feito na escola. A escola é uma escola de economia doméstica – quando saem, as crianças devem saber não apenas ler mas também limpar, fazer sabão, cozinhar, costurar ou fazer pão. A filosofia torna tudo muito integrado e muito natural e quase que tudo nos parece fácil.

Por trás de tudo está a força da Irmã Lídia, que nos recebe sem receios nem hesitações apesar da bengala e alguma idade. A sua alegria de nos ver aquece-nos o coração e é com grande curiosidade e emoção que conhecemos o Silvestre, a quem pessoalmente apoio no programa de Bolsas Universitárias, a Irmã Maria do Céu, que ajuda nas visitas às famílias e na Sala de Projecto e a Irmã Cristina, que faz o acompanhamento médico das crianças.

Pelo caminho ainda inaugurámos a primeira Palhota UPG em Santa Luisa, a Palhota da Sandra e da Teresa. Faltou o chão mas na alegria que entregasse as chaves da casa às crianças passámos ao lado e festejámos a nova casa hoje mesmo. Pelo caminho visitámos as restantes 3 palhotas que deveremos iniciar a construção ainda este mês, antes que a chuva faça cair o que resta de algo que mal se pode chamar casa.


Hoje foi um dia feliz, um dia em que vimos de perto como Um Pequeno Gesto é Uma Grande Ajuda. Khanimambo a todos os que estiveram connosco!