A 28 de Julho de 2010, a Assembleia Geral das Nações
Unidas reconheceu o direito à água e ao saneamento básico como um Direito
Humano, essencial à vida de todas as pessoas no planeta.
A Assembleia Geral manifesta a sua
preocupação pelo facto de 884 milhões de pessoas não terem acesso a água
potável e de 2.6 mil milhões não ter acesso a saneamento básico, resultando na
morte de 1.5 milhões de crianças por ano – um número superior ao das crianças
anualmente vítimas de SIDA, malária e sarampo.
Em muitas sociedades, a água constitui o
âmago de muitas das tarefas tradicionalmente atribuídas às mulheres: cozinhar,
lavar e limpar. Para além disso, o funcionamento biológico do corpo das
mulheres torna a água essencial para a manutenção da sua dignidade.
Todos os anos, as mulheres despendem mais de
200 milhões de horas no transporte de água – em muitos locais rurais em África
é comum as mulheres caminharem mais de 10 km até à fonte de água mais próxima e
talvez o dobro durante a estação seca. Nesta como noutras áreas, as mulheres
são as primeiras a sentir as consequências das mudanças climáticas: muitas
mulheres afirmam que as distâncias que têm que percorrer até à água têm
aumentado em virtude de esta se tornar mais escassa.
As longas caminhadas para chegar até à água e
para a transportar comportam sérios riscos para a saúde das mulheres, seja
devido ao peso que carregam, aos acidentes de percurso ou ao facto de serem as
primeiras expostas a doenças e poluição presentes na água. Estas viagens também
as tornam mais vulneráveis à violência, especialmente em áreas de conflito.
A melhoria do acesso a fontes de água limpa
terá impactos palpáveis na qualidade de vida destas mulheres. A diminuição do
tempo passado a transportar água significa que as mulheres poderão dedicar-se a
atividades produtivas, à sua educação e ao lazer. Ficará reduzido o fardo sobre
as raparigas que, assim, terão mais tempo e oportunidades para frequentar a
escola.
Por fim, menos mulheres morrerão de parto e os seus filhos serão mais
saudáveis.
Para potenciar estes ganhos é, contudo, necessário
envolver ativamente as mulheres nos programas de gestão da água, garantir que a
sua voz é ouvida, não só para assegurar que as suas necessidades específicas
são atendidas, mas empoderando-as na sua comunidade, enquanto responsáveis pela
gestão de recursos comuns.
"ODM 2015"