31 de julho de 2012

Primeiras histórias da nossa voluntária Francisca em Moçambique

"Laurinda Wamusse, sete anos, está na 2ªclasse e vive com a tia Helena, a irmã Vitória e os primos numa palhota, em Chongoene.
Hoje vai à escola e a tia recebe mensalmente a cesta básica com géneros alimentícios. Mas nem sempre foi assim. Não conheceu o pai e da mãe não se lembra, abandonou-a.
Quando foi encontrada pelas Irmãs Dominicanas, arrastava-se, no chão, tal como a irmã, como se as suas pernas nao suportassem o peso do corpo. No hospital, o médico falou de subnutrição - abandonadas escavavam no chão a mandioca que lhes servia de alimento. No período que estiveram no hospital, a Irmã Aparecida procurou familiares que pudessem tomar conta das crianças. Encontrou a tia Helena, que até olhava pelas crianças, mas não tem comida para lhes dar. Inseridas no projeto da UPG, hoje movimentam-se como as outras crianças, têm um tecto e uma família.
A Laurinda recebeu hoje uma prenda da madrinha: um peluche, uma caixa de cinderela, com ganchos e outros enfeites e uma T-shirt. 

Ficou muito feliz."

Mana Francisca





30 de julho de 2012


Primeiras impressões do Voluntário Diogo no Centro de Órfãos

"Uma das maiores dificuldades que tenho sentido nestes últimos dias é o baixo nível do português. Já sabia que era apenas uma segunda língua para a maioria da população, mas de facto torna-se complicado interagir e motivar crianças que quase só sabem “obrigado”, “bom dia” e “olá”. Assim que cheguei vi no campo de futebol cerca de 25 miúdos de várias idades e perguntei ao irmão: “estes miúdos estão aqui no centro?” A resposta não podia ter sido mais dura. Aqueles miúdos só lá iam para jogar futebol e a grande maioria não falava uma palavra de português.
Haveria de ter tempo para conhecer os que de facto têm aproveitado a oportunidade única que o irmão lhes tem dado nos últimos anos.
Mas o dia seguinte revelou uma surpresa muito engraçada. O irmão decidiu mostrar-me o centro. Durante a visita passámos pelas salas de costura, informática, biblioteca, serralharia e quando chegámos à sala de aulas, estava a haver uma aula com o professor Donique e o irmão fez sinal para entrarmos. Foi o meu primeiro contacto com os miúdos - estávamos no segundo dia no terreno.
Ao entrar, o professor perguntou-me como me chamava e respondi-lhe: “Diogo”. Quando dei por mim, estava o Donique e ensinar às crianças (eram 9 ou 10) a dizer o meu nome. E então, como um coro de igreja a turma toda entoava: Diogo! Diogo! Diogo! Foi formidável e senti-me muito acolhido.
Hoje tenho notado que os miúdos vão lentamente perdendo a vergonha… os mais velhos (12-13 anos) já me cumprimentam e perguntam coisas e os mais novos vão-se rindo quando olho para eles. Apesar da barreira linguística, tenho boas prespectivas…

A cada dia que passa, apercebo-me melhor da sorte que tenho em ter nascido noutras circunstâncias da maioria das pessoas que vou conhecendo. A sorte de ter nascido numa família que não me abandonou, a sorte de não ter nascido seropositivo, de ter tido acesso a uma educação, saúde e segurança de qualidade… E o mais espantoso de toda esta lista é que, no fim de contas, estas pessoas conseguem ser muito felizes à maneira delas. Dá que pensar…"



26 de julho de 2012

Mais alfabetização para as Mamãs!


"Uma novidade na zona de Nhancutse e Bungane: já estamos com alfabetização em pé. Tendo iniciado já o levantamento dos nomes e apresentado aos lideres dos bairros só me falta falar com a direção da escola, o coordenador da ZIP e também falar com a direcção da educação. Mas com muito enpenho ja logo concluo. Sabem porquê dou mais antenção na educação? Eu gosto de ver pessoas letradas e pessoas em busca do saber e aposto mais nas crianças e adultos a saberem a ler e a escrever sem se esquecer também da oralidade que é mais importante."
Mano Issufo, Responsável da Alfabetização nas Comunidades de Banhine

20 de julho de 2012

Uma Tela Uma Palhota - Testemunho do Desafio


"No dia 03 Abril de 2012, bem cedinho, destino ao aeroporto de Lisboa para deixar a minha irmã e o seu companheiro que iam viajar para Moçambique onde iriam estar até ao dia 26 Junho 2012 a fazer voluntariado no terreno com a organização UPG.
As primeiras fotos partilhadas pela minha irmã sensibilizavam-nos e despertou em nós a vontade de mesmo de longe podermos ser voluntários com um pequeno gesto. Quando a Mariazinha, como carinhosamente a minha irmã gosta de chamar à nossa mãe, num dia do passado mês de Maio me ligou a partilhar a ideia de angariarmos alguns donativos e entregar à organização UPG, desde logo o meu apoio foi incondicional, mas lembro-me de na altura responder:…. Mãe deixa me pensar um pouco sobre o assunto...
A minha ideia passou por doar algo especial e muito meu que apesar de todas as imperfeições de um trabalho artesanal em meio ponto feito por mim em 2003 doava com todo o prazer para tão nobre causa. Como estávamos no mês de Maio e na UPG é o mês de angariação de donativos para as palhotas, nascia assim com o apoio da organização UPG a iniciativa de nome….UMA TELA UMA PALHOTA….no mínimo seriam necessários donativos no valor de 800€ para uma palhota. Sim, achei que era um pouco ambicioso o valor, porque é minimamente elevado quando também nós vivemos num pais em crise, mas como muitas pessoas que contribuíram com donativos comentaram quando divulgámos a iniciativa e apelávamos a donativos para a palhota “…. E dizemos nós que vivemos em crise….”. Eu pessoalmente concordo com este comentário e penso muitas vezes que podia ser eu e a minha família, o meu tesouro precioso, do outro lado a necessitar de uma mão amiga, pois naquelas terras uma família e suas crianças terem um simples cobertor, uma esteira para não dormirem directamente no chão, uma simples panela… é considerado ter bens de luxo.
Ser exigente com muitos pequenos detalhes é importante para a credibilidade neste tipo de iniciativas e levou-me incansavelmente a pensar em pequenas coisas, como depositarmos donativos directos 0.26€ doados por mim em moedas de 1 cêntimo, porque é a soma de muitos cêntimos doados que faz ser possível a UPG conseguir ajudar as crianças em Moçambique. Usei como nunca antes o tinha feito a rede social Facebook para ajudar na divulgação da iniciativa.
Um ESPECIAL AGRADECIMENTO ao apoio dos meus FAMILIARES, amigos, amigos dos amigos que como nós se empenharam a divulgar e angariar donativos. Agradecer às minhas QUERIDAS MENINAS depois de explicar o porquê da prima doar a tela e, assim haver a possibilidade de as crianças de Moçambique poderem ter uma casinha onde não vão ter tanto frio à noite. Envolver as nossas crianças no sorteio foi simbólico, mas Lindo o empenho das meninas, um pequeno gesto DEDICADO ÀS CRIANÇAS de MOÇAMBIQUE e o sorteio a 26/06/2012 sendo este o último dia da minha irmã Tânia e do Sérgio numa experiência de vida de muito mérito. Uns dias mais tarde e a meu convite lá fomos nós em família entregar pessoalmente a tela a Sra. Gabriela.
Uma vertente importante desta iniciativa passava por chamar a atenção dos adultos em ajudarmos o próximo, mas também sensibilizar e educarmos as nossas crianças para outras realidades onde o convívio com a pobreza é diário e, mesmo assim, estas crianças têm sorrisos lindos para oferecerem e merecem sonhar que um dia as suas condições de vida vão melhorar.
Os meus pais educaram-nos de que cada um de nós tem uma maneira muito própria de ser e que deve ser respeitada. Que sermos honestos, generosos e humildes são qualidades preciosas, porque para nós filhos a vida foi mais fácil, mas para os meus pais e muitos outros pais que contribuíram para a palhota, ver as crianças de Moçambique de hoje faz-os lembrar de quando eles eram crianças em pequenas terras de Portugal.
Uma frase da minha mãe que me marcou nesta iniciativa, sendo esta uma experiência gratificante nas nossas vidas, quando eu disse que acreditava que íamos conseguir o suficiente para uma palhota “…achas Lena?” aqui está a resposta para a minha mãe e para todos nós. 
O valor total dos donativos de 1.490,73€ e de que vale a pena seguir a nossa intuição e dar um simples primeiro passo e sim sem duvida superou as minhas expectativas.
UMA TELA UMA PALHOTA                                    
UM PEQUENO GESTO DE TODOS NÓS DEDICADO A FAMILIAS E CRIANÇAS DE MOÇAMBIQUE."
                                                                      
                                                                                                                                     KHANIMAMBO!                                                                     
                                                                                                    Helena Marquês




12 de julho de 2012

Carta das Irmãs



Carta oferecida pelas Irmãs de São Vicente de Paulo à Anabela, pela sua visita à escola apoiada pela Um Pequeno Gesto em São Vicente de Paulo