30 de outubro de 2012

Visita das Madrinhas L. e F.


"Depois da minha viagem a Moçambique, uma amiga minha, que é jornalista, ficou curiosa e fez-me uma entrevista sobre a viagem e sobre a minha experiência como madrinha para um semanário. Envio as minhas respostas dadas à dita entrevista e serve de testumunho:
 

1. O principal objetivo foi conhecer uma criança moçambicana que apadrinhei este ano.

2. Sabia que ia encontrar uma realidade muito diferente da nossa e tentei me preparar psicologicamente. Mas é sempre um choque ver pessoas que, em pleno séc.XXI, vivem num "mundo" completamente à parte, longe de tudo aquilo a que nós estamos habituados e não damos valor.

3. Além de gostar muito de crianças, sou muito sensível ao estilo de vida em que estas crianças vivem procurando ajudar sempre que posso. Uma amiga minha, Laura Marques, de Lisboa, no início deste ano, falou-me que tinha tido conhecimento de uma Associação "Um Pequeno Gesto Uma Grande Ajuda"  do qual gostou muito e tinha boas referências. Esta associação, acredita que "o acesso à educação e nutrição, num ambiente saudável e digno permite aos jovens e crianças moçambicanos quebrar o ciclo de pobreza".
A sua Missão é a promoção da melhoria das condições de vida de crianças desfavorecidas e suas famílias, em Moçambique. A partir daí, a Laura,  tentou obter mais informações básicas e decidiu apadrinhar uma criança moçambicana. Fiquei interessada e motivada e entrei logo em contato com as pessoas responsáveis. Daí a uns dias, depois de tratar das (poucas) burocracias necessárias, enviaram-me um email com a fotografia do meu lindo afilhado! Chama-se Adriano, tem 15 anos e frequenta uma instituição "Meninos de Hokwé", em regime de internato, que fica situada em Chokwé, a 224 Km (+-3h de carro particular) da capital, Maputo.
O Adriano frequenta esta instituição há poucos meses porque apresenta uma condição sócio económica muito débil e vive muito longe da escola. É uma criança que nunca reprovou um ano e é um potencial aluno universitário. Os critérios de permanência, destas crianças, na referida instituição, são: 
Não podem reprovar ( salvo em caso de doença ou outros identificados como válidos); Manter notas acima da média; Não abandonar o programa; Ter um comportamento cívico exemplar e estar disponível para receber capacitação.
Os padrinhos pagam um certo montante anualmente que cobre as matrículas, o regime de internato, alimentação, saúde e vestuário. Mas, mais do que uma ajuda financeira, incentivam todos os padrinhos a entrar em contato com os seus afilhados, a estabelecerem uma relação. Para além de alimento, estas crianças estão sedentas de carinho e atenção.

4.O que me marcou mais foi, sem dúvida, conhecer o meu afilhado e presenciar e conhecer a realidade em que estas pessoas vivem. Vivem em situações de pobreza extrema, mas sempre com um sorriso estampado na cara e uma simpatia indescritível.

5. Aconselho vivamente!! Gostei tanto e senti-me tão bem, em participar neste programa de apadrinhamento, que estou a pensar seriamente em apadrinhar mais uma criança. Sejam felizes e façam os outros felizes, principalmente os que mais precisam!





25 de outubro de 2012

Carta de Afilhada à Madrinha

"Querida  Madrinha A.

Sou a tua Afilhada Elia.
Estou contente que seja minha Madrinha .
Tenho 14 anos de idade e vivo em Nhancutse, Distrito de Xai-Xai, Província de Gaza , bairro 3.
Vivo com a minha mãe e com as minhas 3 irmãs.
A minha mãe chama-se Adélia , irmã mais velha que é mana Dulce, depois a Rosa e a mais nova chama-se Hermínia.
Estou na 7ª classe estudo na Escola primária completa de Nhancutse.
Eu gosto muito das disciplinas de português, Matemática e Ciências Sociais.
Tenho amigas da Escola e outras do meu bairro.
As amigas da Escola são Alcinda, Eginete, Ema, Diana e a Nércia. As de casa são Elsa, Diotrefa, Ilda, Esmeralda, Francelina e Faúsia.
Tenho uma prima chamada Elsa ela esta na 12ª classe, ela também gostou muito da minha madrinha.
Ela gosta muito da disciplina de português e Inglês, mas não sabe falar Inglês.
Eu curto as músicas Românticas como as de Leonardo e Leandro, Zé de Camargo e Luciano, Rick Renne, Paula Fernandes e outras.
E também gosto das Novelas como por exemplo Rebelde.
Eu gostaria muito de conhecer a minha Madrinha de olho nu, e também gostei muito das coisas que me mandaste principalmente o caderno. No meio da semana vou para Escola e no sábado vou para Machamba que cultivamos milho, mandioca, feijão etc.
No  domingo vou para igreja
Mando beijinhos para gatinhos eu gosto de ir para escola ,brincar, dançar samba e cantar.
Espero que gostes da minha carta fiz com todo carinho e com todo amor que eu tenha pela minha Madrinha
Beijinhos da afilhada Elia"





24 de outubro de 2012

Mano Gil e o seu 2ºano na Universidade


"Só no fim dos exames deste semestre posso pedir uma declaração das avaliações do ano, mas entretanto lembro-me das notas do primeiro semestre, que foram:
  • Imunologia e genética -            15
  • Inglês -                                   15
  • Microbiologia -                         16
  • Saúde bucal da comunidade -   16
  • Fisiologia II -                            17
  • Morfologia II -                           17
  • Materiais dentários -                 18
Com certeza a UPG melhorou muito a minha vida tanto do ponto de vista social, como pessoa que tem necessidades, e principalmente nos custos universitários  Esta fazendo meu sonho realizar-se e dando foras financeiras e motivação psicológica. Graças à mão que me estão dando, as eventualidades negativas ou de regressão nunca conseguiram distrair-me do motivo principal que é estudar, formar-me e tornar-me um bom profissional daquilo que gosto de fazer. Por isto, e mais que talvez não tenha conseguido expressar , devo o meu agradecimento.

Envio algumas fotos, uma nas práticas no hospital com toda turma, outra nas aulas práticas de operatória dental e outra no dia da primeira graduação da nossa universidade."


Mano Gil Mucavele






23 de outubro de 2012

Mais uma notícia triste em S. Vicente de Paulo

"Ola
Comunico que mais uma vez uma nuvem escura cobriu nossa escola…E desta vez os malfeitores roubaram 90 cadeiras plásticas (uma cadeira comprada a 350,00mt), dois sacos de arroz, uma caixa e meia de óleo para a distribuição e mais algumas coisas.
Presume-se que o roubo tenha ocorrido as 2h de madrugado porque na meia-noite começou a chover e os vestígios de roubo mostram claramente que foi depois da chuva pois o lugar onde havíamos guardado as cadeiras está todo cheio de lama.
Esta é uma situação bastante assustadora e não se sabe como a mesma vai terminar.
Particularmente eu me sinto inseguro e com muito medo do que possa acontecer, tenho mesmo muito medo disto. Só para ter uma ideia na escola são vicente já tiraram quase tudo de valor económico considerável e também como na casa próprias as irmãs não tem guarda podem lá ir roubar tudo que querem. O ambiente em São Vicente é muito dramático e misterioso. As vossas orações e preces é tudo que agora precisamos. Contamos com vocês.
Obrigado pela atenção."
Pelo Hilário Langa




22 de outubro de 2012

Mana Francisca e a sua experiência com as famílias

Famílias...

"As famílias observadas estão alicerçadas na figura da mulher. A função do  homem está associada ao do progenitor, ausente na maioria das estruturas familiares. As jovens acumulam a escola com o trabalho na machamba e as tarefas familiares, ficam grávidas muito jovens o que aumenta o número de crianças no mesmo agregado, onde mães, avós, filhos, netos e tios coabitam. É fundamental a presença de técnicos da área da saúde tendo em vista a formação das mulheres no sentido de planearem o número de filhos que desejam ter.

O aproveitamento dos recursos existente é importante como a criação de galinhas poedeiras acompanhada da comercialização dos ovos e não apenas da carne como acontece actualmente; criação de vacas e cabras aproveitando o leite, não só para consumo imediato como  para o fabrico de derivados, como o queijo, diversificando assim a alimentação e gerando rendimento; criação de porcos tendo em vista o fabrico de enchidos.

Na EFI a vóvo Etelvina está empenhada na criação de uma escola de costura, aproveitando os períodos vagos da escola e envolvendo as mulheres da comunidade."

Mana Francisca






19 de outubro de 2012

Produção de produtos agrícolas na Escola S. Luisa


Produção de produtos agrícolas na Machamba Escolar

"Quanto a este item temos a dizer que nunca parámos de produzir alguma coisa, neste momento estamos a fazer a colheita de beringela, batata reno e alho. As verduras que tínhamos plantado, colhemos todas na última semana do mês de Agosto de modo a reforçarmos a sexta básica das crianças, como temos feito sempre – no final de cada mês temos dado algo que se produz na machamba às crianças de modo a reforçar a cesta básica, visto que a localidade em geral está sofrendo de um grande problema de seca e estiagem, onde torna-se difícil que as famílias consigam caril para a sua alimentação. Onde mesmo a sociedade em geral enfrenta grandes problemas de caril e que recorrem a mercados de Chókwe onde os pequenos agricultores colocam a disposição dos consumidores a venda de verduras produzidas na base de sistema de rega, mas a um preço bem elevado, visto que ultimamente não chove."

Técnico Local Silvestre








Mensagem de Padrinhos sobre o roubo na Escola S. Vicente Paulo

"Bom dia,
A acção de quem está no terreno é determinante para que as crianças tenham uma vida melhor, pelo que devem ter sempre o nosso apoio, embora a maior parte das vezes seja apenas por palavras. Assim, poderá dar conhecimento aos corajosos Hilário e Irmã Neusa do meu agradecimento. Nasci em África ( Angola ) e conheço as carências das crianças e não só, e as dificuldades que existem para se conseguir proporcionar uma vida melhor.
Lamento não poder ajudar mais, mas a vida não está fácil para nós.
Um grande bem-haja a todos pelo vosso espírito de missão"
Padrinhos Alice e Carlos Alves

18 de outubro de 2012

Testemunho bolseiro Hilário

"Olá
Meu nome é Hilário da Conceição Leandro Langa, nascido á 09 de 09 de 1989, em Chókwe, Distrito de Chókwè e Provincia de Gaza. Como qualquer criança tive uma infância alegre rodeado dos meus pais e irmãos, embora fosse de uma família pobre.
Comecei com os meus estudos na Escola Primária do Primeiro Bairro da Cidade de Chókwè e conclui o ensino secundário  na Escola Secundaria de Chókwè em 2010.
Em 2009 comecei o meu voluntariado na Escola São Vicente de  Paulo, onde com maior gosto e prazer fiz e continuo a fazer os meus trabalhos. Em 2010 concluí o 12º ano e sem nenhuma orientação para continuar com os meus estudos do Ensino Superior. No mesmo ano tive promessa de uma bolsa universitária e esta por sua vez materializou-se no ano seguinte quando comecei a estudar o Curso de Administração e Gestão de Empresas, na Escola Superior de Economia e Gestão.
Agora estou orgulhoso e feliz por que estou a frequentar o ensino superior e serei o primeiro Licenciado na minha família.
Tenho dedicado Todas as minhas forças em fazer como deve ser o meu trabalho e ser um dos melhores estudantes da Universidade.
As minhas notas do primeiro semestre são:
1-Macroeconomia1: 16  
2-Direito Comercial: 16
3-Contabilidade Financeira 1: 17
4-Matemática Financeira 1: 13
5-Ingles Técnico 1: 14
Pelas notas já dá para perceber que sou péssimo a Matemática Financeira :) e a Inglês,  mas prometo que me irei esforçar para superar esta crise.
Na área do desenvolvimento psicológico a bolsa universitária ajudou-me muito pois agora, na universidade, sou um dos melhores no que diz respeito à análise, expressividade e criação de novas ideias.
Obrigado"

Hilário Langa  




Turma do Hilário na Universidade


Hilário na aula de Internacionalização de empresas

17 de outubro de 2012

A Palhota da Alzira e do Jaime em construção


"Um facto importantíssimo sucedeu na vida de Alzira e Jaime, trata se do início da construção de uma palhota de 12 chapas o que para eles é um «luxo» total. P'ra já passo a descrever o historial dos meninos: Alzira tem 10 anos de idade e está a frequentar a 3ª na Escola São Vicente de Paulo e Jaime Ngovene com 9 anos de idade e está a frequentar a 2ª na mesma. Por um bom tempo estas crianças gozavam duma saúde frágil e de um tempo para cá o seu estado de saúde melhorou consideravelmente.
O nome dos seus pais foi omisso na certidão de nascimento. Os dois são órfãos dos pais e vivem com a avó de nome Salmina Saveca, já de idade muito avançada.
Depois das grandes chuvas que se ocorreram no passado ano, a casa onde os três (Alzira, Jaime e sua avó Salmina) moravam desfez-se. Depois de este facto ter sucedido esta pobre família começou a viver ao relento sem lugar para dormir. Nos dias de uma chuva e neste inverno que o frio é intenso esta família dorme na vizinhança.
Esta é uma daquelas histórias ou daqueles «Pequenos Gestos» que a mim particularmente deixa uma marca muito GRANDE de emoção, pois não são todas vezes que precisamos e que temos uma mão pronta para ajudar.
Nem as minhas palavras não são capazes de descrever a satisfação da Alzira, Jaime e sua avó Salmina Saveca mas fica aqui uma palavra muito forte proferida pela Vovó Salamina «agora mais do que nunca tenho motivos suficientes para continuar a viver e ser feliz»
E em conversa eu disse o seguinte para ela: é verdade que terá em breve uma casa nova, mas a tua missão agora e fazer manutenção, e sem esperar que eu termine de falar ela disse: este é maior presente que recebi na vida e dedicarei minha para preservar."

Mano Hilário


Fotos da casa da Vovó e dos seus netos



16 de outubro de 2012

Impacto da Bolsa Universitária na Vida do Silvestre


"Para mim a UPG é tudo, é mãe, é pai, é irmão, é amigo verdadeiro e é companheiro, que junto com ela partilho momentos bons e maus, e que quando estou abatido sem força, angustiado, a UPG me ergue, me enche de alegria, e continuo a caminhar nos momentos bons, no sentido de que me sinto bem, pelo tesouro que a bastante tempo eu estava à procura, rezava dias e noites para ter o tesouro esperado de todos os tempos.

A UPG me encontrou num momento tão difícil da minha vida social, da minha vida estudantil, eu estava bem angustiado pelo que acontecia na minha vida, querendo desistir dos meus sonhos. Mas felizmente quando alguém tem feito orações constantemente, alguém aparece no caminho dele para lhe ajudar a caminhar,  onde o seu esforço irá resultar em algo verdadeiro desde que não se canse de rezar.

Neste momento quero agradecer à UPG, o seu apoio, a sua mão que nunca deixou de amparar meus  passos, minhas tristezas e minhas alegrias, e agradeço a UPG  pelo carinho que sempre dedicou a mim e, principalmente, às crianças. 
Por mim cada dia que passa a UPG se torna mais amiga, se torna nosso melhor exemplo a nossa maior referência de vida.

Antes eu não me sentia bem. Estava como um bagaço, que depois de sugado é atirado ao chão. Tinha perdido a vontade de sorrir, de viver, já nem cuidava mais de mim. Durante muito tempo o meu céu ficou nublado, os dias eram cinzentos, as noites não tinham luar, as estrelas não brilhavam. Mas, de repente... Mergulhei em seu olhar, e neles vi o céu ficar azul, as noites voltaram a ter luar, as estrelas voltaram a brilhar, e o sorriso voltou aos meus lábios.

Com a UPG nunca estamos sós, é verdade. É bom saber que temos amigos/ família em quem podemos confiar – a UPG. Pessoas que nos apoiam e nos acolhem com tanto carinho – refiro-me a UPG. É certo que tenho passado momentos muito difíceis.

E comigo estão sempre os amigos, dando-me palavras de conforto e ânimo, um desses amigos é a UPG. Sou grata a Deus por ter conhecido tantas pessoas boas, de coração aberto e firme – as pessoas que fazem da UPG realidade.

Quero agradecer a vocês mana Sara e mano Bernardo por tudo. Em especial por estarem ao meu lado, sempre. Saibam que eu também quero fazer da UPG o que for possível.

Agradeço a Deus a cada momento que passo com ajuda da UPG, Agradeço a Deus por ter conhecido a melhor pessoa do mundo – refiro-me a vocês e à UPG.

Vai um agradecimento incansável à mana Sara e ao mano Bernardo que me ajudam pelos seus grandes gestos, Obrigada por vocês existirem... Vocês... são criaturas lindas que Deus colocou em meus caminhos... De início não entendi, bem ao certo, hoje sei que vocês fazem parte da minha vida, simplesmente porque dividem comigo todos os momentos, alegrias, tristezas, ganhos, perdas, me abraçam quando precisa.

Vocês são amigos especiais... Umas jóias preciosas que jamais encontrarei em outro lugar... Quero guardar-vos sempre em meu coração...

Vocês são simplesmente pessoas que me ensinaram a ver a vida com outros olhos, deu rumo as minhas perturbações, encheram de alegria meus dias, ofereceram-me seus ombros amigos, sem pedir nada, simplesmente minha amizade.

Obrigada por tudo mesmo... Não tenho nada que possa recompensar pelo vosso gesto tão lindo assim... Apenas digo obrigada..."

Notas 1º semestre - curso de Administração e Contabilidade

Mercados e Sistemas Financeiros – 12

Marketing – 13

Técnicas de Comércio Internacional – 14

Auditoria Externa I – 15

Gestão Financeira I – 16

Contabilidade Financeira IV – 14


Khanimambo

Silvestre D. Quenha



15 de outubro de 2012

Miguel na sua terceira semana


"Bem, posso dizer que só através destes relatórios é que eu tenho a noção do tempo que já passou. O ritmo Africano é bastante diferente do Europeu, as coisas aqui são levadas “sem problema” e o tempo vai passando sem nos darmos conta.
Desta semana, a actividade que mais se destacou foi sem dúvida a elaboração de pequenas máscaras que fiz com as crianças. Não tanto pelas máscaras em si, porque são bastante simples, mas sim pelo empenho e dedicação que demonstraram e claro pelo contentamento dos pequeninos que ao verem o seu trabalho recompensado com o produto final, soltaram sorrisos e gargalhadas que nos deixam com uma sensação de satisfação indescritível.
De dia para dia os resultados são mais entusiasmantes e começo também já a aprender algumas expressões em Xangana, o que acaba por facilitar a comunicação.
Tem sido sem dúvida uma das melhores experiências que já vivi!
“Kanimambo” (Obrigado) UPG por esta oportunidade de puder ajudar e ser útil e ao mesmo tempo receber esta grandiosa recompensa."

Mano Miguel





14 de outubro de 2012

Dia do Professor na Escolinha do André!

Sexta-feira foi dia do Professor em Moçambique. Na Escolinha do André, as crianças felicitaram as professoras juntamente com uma equipa de futebol que representou a Escolinha no torneio de futebol escolar organizado pela Escola vizinha, a Escola Secundária de Xai-Xai. 
Os meninos da Escolinha ganharam 2 jogos consecutivos e foram felicitados pelas professoras. 
As fotos estao disponíveis aqui! 



12 de outubro de 2012


Idosos... 

Apoio aos idosos

Perderam os familiares mais próximos, sozinhos vivem em zonas isoladas – Cávalene. Escondidos no mato. A palhota só é visível a curta distância. O acesso à agua, sempre difícil, torna-se, nesta idade, ainda mais penoso. Curvados pelo peso dos anos, transportam a água em bidons de 5 litros que guardam em depósitos de barro.Nos dias em que sentem mais forças carregam a água e vão à machamba; nos outros guardam com eles as dores e ficam dentro da palhota.
Mana Francisca



Felizmente, a Irmã Aparecida conseguiu comprar um bidon de água a este casal de idosos, a sua alegria é contagiante!



           

11 de outubro de 2012

O testemunho do voluntariado da Mana Francisca

Crianças... 
É muito comum encontrar crianças da 2ª classe que não conseguem identificar vogais. Os níveis de aprendizagem parecem ser muito diversos, mas também é comum encontrar crianças da 3ª ou 4ª classe que têm muita dificuldade ou não conseguem mesmo ler ou escrever - vários têm dificuldades em identificar simples ditongos. Os conhecimentos são em média, sem qualquer dúvida, muitíssimo baixos para os respetivos níveis de escolaridade.
Eventuais razões:
Para além da qualidade do ensino nas escolas de Moçambique, tudo indica que a maioria destas crianças apenas passa a aprender português (falado) quando chega à escola. Mesmo aquelas que estão no pré-escolar apenas parecem ter um contacto superficial com a língua (músicas com palavras e letras memorizadas que para as crianças pouco significado parecem ter).
Quando chegam à primeira classe estas crianças começam a ser ensinadas a escrever uma língua que não sabem falar. E mesmo quando estão na primária o desenvolvimento do vocabulário parece ser claramente muito lento e limitado.
A socialização até aos 5 anos no seio da família e outras pessoas próximas é quase exclusivamente em changana (sem TV, rádio, livros ou revistas). Sem saberem falar português dificilmente estas crianças conseguirão aprender a escrevê-lo ou quando o conseguem fazer já será tarde demais para alcançar uma boa literacia, depois, na vida adulta.
Qualquer tentativa de associar letras a imagens e palavras é assim muito dificultada porque as crianças não têm um conhecimento médio minimamente razoável de vocabulário. Um exemplo: a Belarmina, uma aluna da 3ª classe, já identifica e escreve as vogais e ditongos. Quando chega à altura de juntar palavras a Belarmina tem, contudo, muitas dificuldades pois não conhece um número razoável de palavras em português (por exemplo, vaca ou gato). As tentativas de conversas com estas crianças pautam-se por longos silêncios ou respostas monossilábicas de quem parece apenas responder “sim” a quase tudo o que é questionado.
Em paralelo, muitas destas crianças, sobretudo as mais pequenas, não estão também minimamente habituadas a pegar e, consequentemente, usar um lápis ou uma caneta o que dificulta ainda mais a aprendizagem da escrita.  

 Mana Francisca



8 de outubro de 2012

Segunda semana do Mano Miguel


"Já se passaram duas semanas desde a minha chegada e começo agora a conseguir alguns progressos nas actividades que vou desenvolvendo com as crianças. Acho que já me adaptei a esta realidade e cada dia que passa vou gostando mais do ambiente. Em relação ao trabalho, procuro na maior parte das vezes actividades práticas, pois é difícil conseguir o diálogo como já tinha referido.
A maior parte tem sido na sala de aula, onde tenho tentado apoiar as crianças e ir auxiliando as professoras com a elaboração de pequenos jogos como puzzles, desenhos e trabalhos manuais.
Uma das dificuldades que mais se destaca é a falta de meios para elaborar alguns dos trabalhos que requerem materiais específicos, mas tudo se consegue com imaginação. Por exemplo, ao longo da semana tenho recolhido, com a ajuda de algumas das crianças, garrafas de plástico com o intuito de conseguir fazer um dia dedicado aos jogos, onde lhes possa ensinar por exemplo a jogar bowling, que pelo que constatei, nunca ouviram falar.
Elaborei também uma lista de regras com algumas imagens para conseguir incentivá-los a adotar hábitos fundamentais para o bom funcionamento do ensino. Na verdade são regras simples mas que fazem imensa falta a estas crianças, tais como: lavar sempre as mãos; colocar o lixo no caixote e não voltar a mexer no mesmo; devolver sempre o material utilizado, etc…aos poucos, acho que vou conseguir obter alguns resultados.
Aproveito também para informar que eu, a mana Helena, o irmão Licinio e o mano Joaquim fomos hoje, domingo, a “Xai-Xai” ao encontro das restantes voluntárias da “UPG” que estão em Chongoene, com o  objectivo de trocar impressões e experiências vividas até ao momento.
Bem e são estas as noticias da minha 2ª (segunda) semana."
Cumprimentos,
Mano Miguel



5 de outubro de 2012

Uma triste noticia de SVP

"Serve me este mail, para comunicar que na madrugada do dia 03 do mês
corrente, a Escola São Vicente de Paulo foi assaltada. Os malfeitores
tiveram tempo mais do que suficiente para arrombar cinco grades e seis
portas (grades muito fortes). Vasculharam tudo que é canto da nossa escola/casa - desde a biblioteca, diretoria, sala upg, secretaria e
arquivo morto. Na Sala UPG, os presumíveis malfeitores roubaram um
novo projetor oferecido pela voluntária Raquel e também levaram duas encomendas das crianças, na diretoria roubaram o computador central (que continha toda base de dados desta instituição) e muitos mais pequenos artigos.
A insegurança toma parte de todos nós, especialmente das irmãs pois na
noite de ontem dia 04, a comunidade circunvizinha da escola notou um
movimento estranho, um carro dando volta no recinto escolar podem ser mesmas pessoas que desejam vir levar o pouco que da escola restou.
Como pode calcular a insegurança por cá é maior.
Por agora deixamos tudo nas mãos de Deus. Qualquer coisa vou comunicando.
Um abraço carinhoso de Hilário"

3 de outubro de 2012

O Bolseiro Gil e as novidades do Curso

"Aqui na universidade estamos a viver grande felicidade e esperança  uma vez que ontem ocorreu a nossa primeira graduação de 80 estudantes- Dentistas, Farmacêuticos e Nutricionistas. Além disso, foram brindados os 3 melhores estudantes, um de cada turma. Isso me está dando mais incentivo para continuar a dobrar esforços. Todos graduados com emprego garantido, isso mexeu muito connosco!

Agora maior parte das aulas são praticas, então está tudo a exigir nosso esforço máximo, porque o nosso pão dependera das habilidades que estamos colhendo a partir desta etapa do curso.

Muito obrigado pela preciosa ajuda que está tornando possível a realizacao do meu grande sonho!"

Mano Gil






1 de outubro de 2012

Mano Miguel e a sua 1ª semana

"Após a minha chegada ao Centro Renascer P'ra Esperança, deparei-me com uma realidade totalmente diferente daquela que se presencia em Portugal, mesmo onde as pessoas dizem não ter condições de vida. Ao vivenciar estas circunstâncias, a minha perspetiva de vida alterou-se bastante. Considero esta oportunidade uma experiência indescritível. 
Entre várias, uma das situações que mais me marcou foi o facto de as crianças, muitas das vezes, apenas fazerem a refeição diária que o Centro lhes oferece. É impressionante a simplicidade com que estas crianças vivem. É sem dúvida a prova viva de que não necessitamos de quase nada para sorrir.
De todas as atividades que elaborámos, a visita às casas (palhotas) das crianças, foi onde consegui ver ao pormenor todas as dificuldades que estas pessoas enfrentam diariamente.
Eu e a voluntária Helena, em conjunto com uma rapariga nativa que fez a tradução de changana para português, fomos tentar obter informações sobre as famílias, tais como: o seu agregado familiar, quais as atividades profissionais desenvolvidas pelas Mamãs e qual a melhor forma de as ajudar em relação às crianças.
Muitas destas Mamãs, vivem da “machamba”, que em português significa “horta”. Vão semear, apanhar fruta e tratar da sua machamba para depois irem vender nas ruas todos os seus produtos a fim de conseguir algum dinheiro para a sua sobrevivência. Além do que já referi, encontrei algumas dificuldades, principalmente em me adaptar ao dialecto que se utiliza nesta zona, o “changana”. Foi e, ainda é complicado, tentar comunicar com as crianças no Centro, mas vou descobrindo formas de contornar esse obstáculo e tentando arranjar formas de brincar que vão facilitando a comunicação."
Mano Miguel