Passei a barreira psicológica dos 15 dias e só agora é que me estou a aperceber disso!
Há tanta coisa sobre a qual eu podia falar, mas nem sei por onde começar! No orfanato as coisas começaram a ficar mais pesadas. Agora, além de “mano”, também sou tratado por “sr. Professor”! Começaram as aulas de apoio ao estudo! É preciso ter paciência de santo para “educar” aquelas crianças! A experiência, desastrosa por sinal (!!!), começou com as crianças da 2ª classe. Infelizmente, as turmas aqui em Moçambique são tão grandes (rondam os 50 alunos/turma na escola que eles frequentam) que acredito que os professores não possam dar a devida atenção a cada um. Basicamente, repetem-se uns aos outros! Conclusão: em vez de aprenderem a ler correctamente, apenas decoram os textos. Hoje, quando eu perguntei quem queria ler vi um mar de dedos e mãos no ar… mas, na prática, só a Dalva, uma das gémeas, conseguiu ler ser inventar, cortar ou saltar palavras e frases. Todos os outros já tinham pré-decorado o texto… o problema é que banana e papaia são palavras bem diferentes, mas para as crianças com texto decorado, banana e papaia lesse da mesma forma. Que raio de cidadãos está a formar este país?!
Uma das coisas engraçadas deste trabalho em Moçambique (acredito que noutros pontos do globo seja o mesmo) é o facto de que tudo o que mostramos ou fazemos é uma novidade para as crianças! A música, as fotos, os jogos, os costumes, os dizeres, a comida… tudo é um universo por explorar para as crianças!
Hoje, os mais velhos ficaram maravilhados com a quantidade de músicas que o meu computador tinha! E quando lhes disse para escreverem o nome de algum grupo na barra de pesquisa do Media Player parecia que lhes estava a fazer cócegas! Até medo de tocar nas teclas tinham!!!!
“Sim, basta clicares uma vez na letra que ela aparece no ecrã!” - disse eu ao Bito. Os mais pequenos só querem ver desenhos animados!
“Sim, basta clicares uma vez na letra que ela aparece no ecrã!” - disse eu ao Bito. Os mais pequenos só querem ver desenhos animados!
Uma outra coisa interessante aqui é a forma como homens e mulheres dividem o seu trabalho!
“Vocês (rapazes) não fazem nada?!” – questão minha, em forma de pergunta retórica, para os rapazes mais velhos à hora de almoço. Na realidade, os rapazes “não mexem uma palha”! As meninas, mesmo as mais pequenas, servem o almoço a toda a gente, muitas vezes recolhem os pratos e, por fim, lavam a loiça! “São coisas de mulher!” – respondeu o Adriano…
À tarde estive a brincar à apanhada com os mais pequenos! Bem, as crianças correm que se fartam! Olha que para estudar não correm tanto! fiquei de rastos… era sempre eu a correr atrás delas!
No Chókwé, 28 de Abril de 2009
“Vocês (rapazes) não fazem nada?!” – questão minha, em forma de pergunta retórica, para os rapazes mais velhos à hora de almoço. Na realidade, os rapazes “não mexem uma palha”! As meninas, mesmo as mais pequenas, servem o almoço a toda a gente, muitas vezes recolhem os pratos e, por fim, lavam a loiça! “São coisas de mulher!” – respondeu o Adriano…
À tarde estive a brincar à apanhada com os mais pequenos! Bem, as crianças correm que se fartam! Olha que para estudar não correm tanto! fiquei de rastos… era sempre eu a correr atrás delas!
No Chókwé, 28 de Abril de 2009
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